Procura-se um amigo


30.3.14



Vinícius de Moraes disse: "Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
Chegam junto, nos leem, conhecem nossos sonhos, limites, medos! Nos protegem, consolam, sabem ser oportunos, e com habilidade, às vezes até insistência, nos fazem recuar, sinalizando não apenas riscos, mas também caminhos.
Repasso, ainda de Vinicius de Moraes, partes do anúncio, Procura-se um amigo:
"Procura se um amigo, não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa falar e calar, sobretudo saber ouvir...
Deve ter amor, um grande amor por alguém ou então sentir falta de não ter esse amor...
Deve guardar segredo sem se sacrificar...
Não é preciso que seja puro, nem que seja de tudo impuro, mas que não seja vulgar...
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio das solitárias...
Precisa-se de um amigo pra não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade...
Precisa-se de um amigo pra se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para se ter consciência de que ainda se vive. "
Conforme o dito de Salomão em Prov 27:17: “Como o ferro com o ferro se afia, assim o homem ao seu amigo”; eles nos preparam,  lapidam... nos fazem melhores!
Me fascina a provocação que Jó 42:10 faz: “Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando, orava pelos seus amigos”... além do significado que eles possuem, a ideia é que se nós, sensibilizados e solidários, nos envolvermos em ajudá-los, também seremos achados, moveremos o céu a nosso favor e Deus mudará inclusive a nossa história!
Simples assim: Quando nos importamos com nossos amigos, e compadecidos nos aproximamos, dando voz às suas necessidades e aflições, nossas súplicas serão ouvidas, e como eles, seremos contemplados pelo socorro e misericórdia daquele que pode todas as coisas, o Todo Poderoso. 
Concluo impactada como Ele nos trata, e o que quer nos ensinar à respeito do outro! A verticalidade, ou seja, nossa veneração a Deus, só faz sentido se ressoar na horizontalidade, no amor e comprometimento com o próximo! 

 Paz!   

Imagem retirada de: vivamelhoronline.com 

bem me quer... mal me quer


23.3.14




            Se o assunto é amor, parece que quase tudo é motivo pra virar drama; me remete a uma gangorra: às vezes por cima, destemidos, cheios de graça; mas em seguida, por motivos banais, lá em baixo, meias palavras, inseguros!

            Essa ciranda de confusões, suspeitas e incertezas: "bem me quer, mal me quer" traz, além de uma desordem, relações frágeis, desgastadas e frias.
            A questão é que se sairmos da superficialidade, compreenderemos que todo relacionamento passa por crises, e que nada é tão perfeito, vibrante, fácil!

            Fases difíceis são verdadeiros desafios, não para ficarmos desnorteados ou desiludidos, mas, focados no compromisso, buscarmos maturidade pra resisti-las. Esses confrontos precisam servir, não só eliminarmos o parceiro que idealizamos, mas, especialmente, olharmos internamente e desvendarmos nossos próprios embaraços!
           Como uma dança se forma com passos para frente e pra trás, assim são os envolvimentos, carregados de idas e vindas, encantos e desapontamentos, atitudes defensivas e entregas. Uma liberdade cheia de regras e limites.

            Enfim, se conseguirmos entender nossa linguagem de afeto, gastaremos mais tempo celebrando do que reivindicando ou lamentando, e mesmo com os percalços e adaptações, conseguiremos fazer brotar um amor consistente, sem conta.

 

 

            Paz!


 Imagem retirada de: www.lovequotespict.com


 

Achadas ou Perdidas?


16.3.14



Quero falar, sem rodeios, sobre nós, mulheres!
Alguém escreveu: "Antes, as mulheres eram escravas passivas, hoje somos ativas, mas continuamos escravas”.
Escravas de quê? Do corpo perfeito? Do não envelhecimento? Do consumismo? Do trabalho desenfreado, quer pela busca de independência ou pra provar poder?
Quem são nossos modelos? As mulheres frutas? (risos);o que dá pra rir dá pra chorar, uma produção que enche os olhos, mas de euforia superficial e vulgar... “A pessoa delas não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue, morando dentro dele”, Arnaldo Jabor.
Parece que estamos num barco a deriva, desnorteadas; com uma fome quase insaciável de reconhecimento, de ser chic; abandonando o bom senso e a vergonha!
Sempre reparto aqui frutos saborosos que colho em outros pomares! Sobre essa tal chiqueza, trago partes do texto de Gilka Maria, de seu livro “A Quem Interessar Possa”:
“A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão a venda. Elegância é uma delas. Assim, para ser chique, é preciso muito mais que um guarda-roupa recheado de grifes importadas, o que faz alguém verdadeiramente ser chique, não é quanto ela tem, mas como se comporta.
Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção por suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes. Mas quem, sem querer, atrai todos os olhares, porque tem brilho próprio... Chique mesmo é parar na faixa de pedestre e abominar a mania de jogar lixo na rua... É dar bom-dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar o aniversário dos amigos... É não se exceder nunca; nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir... É olhar no olho de seu interlocutor... É honrar sua palavra. É ser grato a quem lhe ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios. Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, mas ficar feliz ao ser prestigiado.
Mas, pra ser chique, chique m-e-s-m-o, você tem, antes de tudo, de se lembrar do quanto que a vida é breve e de que vamos todos pro mesmo lugar...”
Deixando a chiqueza um pouco de lado, o que vem acontecendo conosco? Mesmo em meio a tantas conquistas, parecemos mais perdidas do que achadas!
 - Independentes, mas inseguras.
 - Poderosas e tão carentes.
 - Mais bonitas e mais fáceis.
 - Malhadas, mas excessivamente frágeis.
 - Bem remuneradas e mal resolvidas.
 - Cheias de razão e pouco intuitivas.
A impressão é que estamos velando, enterrando, o que realmente importa: o equilíbrio, a dignidade, o respeito, a sensatez.
Por fim, faço um apelo para que quebremos as correntes do que é fugaz e ilusório, e demos as mãos à interioridade, simplicidade e reflexão!

Que sejamos achadas em meio as virtuosas... autênticas, sábias; admiráveis em seu estilo e discrição.

Paz!

Imagem retirada de: amulherquemanda.sapo.pt

Limites


9.3.14



Uma amiga publicou essa foto com estes dizeres:

“Às vezes o conflito transborda pelos olhos! Crescer é difícil mesmo filha... as obrigações às vezes nos incomodam, mas saber que devemos fazê-las nos torna valorosos. Te amo.”

Essa história rendeu! Foram muitas as conversas consternadas pela situação:

_ Que dó, essa lágrima mata a gente! O que houve com essa pessoinha tão linda?

Então a mãe, daquelas que ninguém pode botar defeito: amorosa, presente, sensível, que ama seu papel e sabe curtir suas três crias, responde:

_Ter que cumprir as obrigações: fazer a tarefa, ir à escola, guardar suas roupas...

Queria multiplicar essa mãe, fazê-la em série e sair distribuindo por aí, rsrs, porque infelizmente, e com tristeza, considero-a raridade! Os pais hoje não querem frustrar, educar, colocar limites! .

Li um artigo da jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, considerei tão oportuno, que decidi compartilhá-lo, não na íntegra pelo seu tamanho:

“Ao conviver com os bem mais jovens, com os que se tornaram adultos há pouco e também com os que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, a mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia.

Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes...

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais? Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor...

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer... Pais e filhos têm pago caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso.

Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”...

Possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer...

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. ssim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”; porque fingir que está tudo bem e que tudo pode, significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência”.

Concluo com a fala da especial mãe e educadora que inspirou essa reflexão: “Tenho o dever de transformar as lágrimas dessa pequena em alegria e força”!

 

Paz!

 


Medidas Poderosas


2.3.14



           

Em uma roda com amigos, estávamos tentando descobrir qual das propostas de trabalho, das várias que um deles recebeu, seria a mais promissora, a menos estressante, a que não lhe roubaria tanto do convívio com esposa e filhos!

Estava difícil, quanto mais falávamos, mais surgiam hipóteses e dúvidas; alguns dos convites poderiam se administrados juntos... outros não.

Ele é uma pessoa competente, sensível, abençoada. Em um determinado momento, mencionou o discurso de Bryan Dyson, quando deixou o cargo de presidente da Coca Cola:

“Parece que a vida é como um malabarismo de cinco bolas: Trabalho, família, saúde, amigos e vida espiritual... você precisar mantê-las sempre no ar.

Logo você vai perceber que o trabalho é como uma bola de borracha. Se deixar cair ela rebaterá e irá saltar de volta. Mas as outras quatro bolas: Família, saúde, amigos e vida espiritual, são frágeis como vidro. Se você deixar cair, irrevogavelmente serão lascadas ou mesmo quebradas. Nunca mais serão as mesmas.

Por isso trabalhe de forma eficaz nas horas normais de trabalho, e nas demais, dê o tempo necessário para o mais importante: sua família e os amigos. Cuide também de você. Relacione-se com quem você gosta, exercite-se, coma e descanse adequadamente. Acima de tudo cresça na vida espiritual, é a mais importante, porque é eterna.

Tivemos ali vários ensaios... 
Quero acrescentar algumas medidas, não àquelas que tanto nos perseguem e maltratam, rsrs, como as que dizem respeito a centímetros, circunferência (cintura/quadril), mas a ações afirmativas: mudar de atitude, posicionar-se. 

Encontrei esta escala de valores e fecho com ela:
1- Saúde é mais importante que bens.
2- Família é mais importante que conforto.
3- Presença é mais importante que presentes.
4- Preparo intelectual é mais importante que dinheiro imediato.
5- Reservas espirituais são mais importantes que financeiras.
6- Deus é mais importante que todas as coisas.

Que essas prioridades ressoem em nós, nos tornando pessoas mais bem resolvidas.

Paz!

Imagem retirada de: nadiacastro.com.br