Outras faces da moeda


26.10.13

           
            Um dia desses, enquanto varria a varanda, preparando a casa pra receber uns amigos, percebi que nosso caseiro se aproximava para abrigar-se da chuva; vinha meio avexado, mas já não tem medidas de pressa; nos absorvemos em "dois dedos de prosa".
           Uma figura inusitada! Mineiro, setenta e oito anos, pele clara, o azul do céu nos olhos; espirituoso, cheio de gratidão. Histórias nunca lhe faltam! Simplicidade incomum, experiente, sábio; apesar de ter sido privado da leitura, suas vivências lhe trouxeram uma especial bagagem. 
Preocupada com sua saúde, pois recentemente havia trazido queixas, lhe perguntei:
_ Como o Sr. está?
_ Tô bão demais! Só peço mesmo pra Deus que me dê saúde, porque dinheiro, descobri que esse trem é uma busca que num tem fim! O pobre se tiver $20,00 quer $200,00;" quem tem $2.000 quer ter $20.000, então deixa do jeito que tá mês, eu só quero é viver mais! 
          Emocionado me contou como, enquanto criança, Deus cuidadosamente proveu o alimento à sua família.
          E nesse rumo, quero pensar com vocês o quanto estamos equivocadas quando nossos desejos e investimentos giram apenas em torno desse "possuir".
          Inegavelmente o dinheiro é útil, mas é preocupante como temos lidado com ele. "Por causa dele muitos já mataram e morreram, guerras foram deflagradas, famílias destroçadas. Noites de sono perdidas, casais separados, amigos traídos; e houve até os que decidiram pôr fim à própria vida quando se viram sem ele." Gláucia Leal.
           Mark Buchanan, jornalista científico, afirma: "Algumas pessoas parecem compelidas a acumulá-lo, enquanto outras, não conseguem deixar de estourar seus cartões de crédito e acham impossível guardá-lo para dias difíceis.”.
          Esse encontro repentino e ligeiro, me provocou uma inquietação ligada à jurisdição que rendemos à moeda, além de exercer influência sobre nossas buscas, reflete na autoimagem e nos vínculos que estabelecemos, consegue nos aproximar ou nos afastar. Tem o poder de coisificar pessoas, como se tudo e todos tivessem um preço; trás tramas fraudulentas, empobrecidas e cheia de aflições; comumente a ambição é "um saco sem fundo".
Enfim, considero imprescindível levarmos a sério essas outras faces da moeda; que esta não comprometa nossa identidade, caráter e relacionamentos; e que além de sabermos administrar nossas necessidades e desejos, sejamos também desapegados, cheios de compaixão no serviço do necessitado.
         "Felizes são aqueles que ajudam aos pobres, pois o Senhor Deus os ajudará quando estiverem em dificuldades! O Senhor os protegerá, guardará a vida deles e lhes dará felicidade... Quando estiverem doentes, de cama, o Senhor os ajudará e lhes dará saúde novamente." Salmo 41:1 a 3

Paz! 

Palpites


21.10.13


           Tenho presenciado quadros marcados por desilusões; alianças, papéis desfeitos... 
Os sentimentos são maltratados não só por desacordos, caprichos, excessos de razão, mas especialmente por desconhecerem os desejos e carências do outro.
Entristece-me a afirmação de Shakespeare: "Aprendi que amores eternos podem acabar em uma noite".

Assim, mesmo na imprecisão das palavras, decidi tecer aqui cuidados, talvez atalhos, para corações enternurados mas sem direção. Longe de serem regras ou manual, apenas um norte que me surge, resultado de uma intuição, somada a uma velha escuta.

Pela unanimidade e afinidade dos apelos, trago, como uma carta coletiva, os que me ocorrem, zelos que considero imprescindíveis... pode ser sua voz ao seu amado:

_ Seja meu amigo, a amizade é como a fragrância que perfuma os envolvimentos.

_Converse comigo, até as trivialidades; também, com atenção, ouça minhas queixas.

_ Seja sincero, nunca minta pra mim! Fraudes são perigosas; mesmo as verdades mais duras, precisam ter livre acesso.

_ A fidelidade que seja sem medida! Quebras na confiança trazem prejuízos, às vezes, irreparáveis.

_ Nossos conflitos, desavenças, precisam ser tratados... tente não perder a calma.

_ Confesse, reconheça seus erros, deslizes, e saiba pedir desculpas; também nas minhas declarações de culpa, perdoe e mude a página.

_ Conto com sua gentileza, cavalheirismo... os considero essenciais.              

_ Mesmo descapitalizado, sem datas ou agendas, não esqueça de trazer um agrado, pode ser um chocolate ou aquela fruta. Expressões de afeto sempre serão lembradas.

_ Seja presente, mas saiba se ausentar... dando lugar à emoção do reencontro.

_ Não esqueça que elogios, de qualquer ordem, são importantíssimos!

_ Curta e se encante com minhas formas... leve-me a saber disso. Lembre-se que: o toque e o carinho além das cobertas, tem poderes, desvarios arrebatadores.

_ Seja sensível à minha insegurança relacionada ao medo de te perder; convença-me de que é infundada, e ficarei liberta.

_ Me abrigue em seus braços, eles tranquilizam, protegem, cicatrizam feridas.

_ Conte-me seus segredos; serei seduzida não só por estar na sua intimidade, ser sua cúmplice, mas também pela aproximação deliciosa quando fala ao meu ouvido.

_ Na balada, me pegue pela cintura, não queira trocar pernas ou passos com outra; segura, inebriada, farei seus desejos.

Torço pra que esses palpites sirvam de inspiração... e que se multipliquem os relacionamentos confiantes, cheios de contentamento.


            Paz!

Imagem retirada de: mulherterra.com.br






Sem arrependimentos


12.10.13




          Tenho presenciado pessoas desavisadas que foram nocauteadas pela vida e encontram-se esfaceladas. Como alguém que entra para jogar, e no primeiro instante investe todas as cartas, ou como um maestro que fracassa em sua exibição, pois além de descuidar-se do tema, se fixou apenas em alguns instrumentos esquecendo-se da força dos demais!
            Nos desabafos ouço arrependimentos e tristezas dos que não conseguiram reconhecer, firmar e fundamentar seus papéis, quer como: parceira(o), mãe, profissional, filha, irmã, amiga.
            Investiram em um romance, esqueceram a carreira; focadas na profissão, descuidaram dos afetos,  priorizando os filhos, abandonaram o marido.
            Despreparadas, precipitadas e sem norte, (quem sabe em busca de compensação, alívio ou prazer), negligenciaram suas valiosas e intransferíveis funções, ignorando suas famílias, lugar de maior desafio, cuidado e zelo.
            Aflitas, percebem em seus terrenos aridez e profundas rachaduras. Imaginavam não precisar de mais nada... mas arrependidas, parecem necessitar de tudo.
            Quero mencionar o livro: ”Os cinco principais arrependimentos daqueles que estão para morrer”, da enfermeira Bronnie Ware, especialista em pacientes terminais:
1-Gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, não a que os outros esperavam!
Com a progressão da doença, ocorre a necessidade de rever caminhos percorridos; sendo comum a descoberta de que, em busca de amor e aceitação, escolhas foram focadas nos outros, não em si.
2-Gostaria de não ter trabalhado tanto!
Essa sensação não acontece só com os doentes, é um dilema da vida moderna, e se agrava quando a pessoa não gosta do que faz, ganha dinheiro,  mas é infeliz!
3-Gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos!
Quanto mais próximos da morte, caem as máscaras do medo, vergonha e constrangimento; se tornam mais verdadeiros, dizem o quanto amam, pedem desculpas, querem se sentir amados.
4-Gostaria de ter mantido contato com meus amigos!
Nem sempre se tem histórias felizes com a família, mas com os amigos sim, são a família escolhida; ao lado deles passamos pelas mais diversas situações, geralmente carregadas de lealdade, cumplicidade e força... nesse momento querem, de alguma forma, resgatar essa proximidade.
5-Gostaria de ter me deixado ser mais feliz!
            Que tal repensar e dar um novo rumo à sua história?
            Rever afetos, relações, envolvimentos... Perdoar-se, solicitar perdão...
            Promover encontros que, não só proporcionam escutas verdadeiras, mas também verbalizam a importância do outro;
            Buscar não só o que foi perdido, mas especialmente estar pronto para recomeçar!

            Paz!

Imagem retirada de: soniaishibashi.blogspot.com 

Três dias livres


6.10.13



                  
          
            Mala pronta... pequena e desorganizada, com peças sem tanta combinação, pegas de última hora pela escassez do tempo. Salão, unhas feitas? Nem pensar! Rsrs
Viajamos uma amiga e eu num programa desprogramado! Nosso compromisso era essencialmente com a alegria e a liberdade.
Três dias de muitas risadas, já começando no aeroporto... como ela mesma disse, não parecia que iríamos pro mesmo lugar, afinal, a sua mala era suficiente para 30 dias; a minha, rsrs, já contei pra vocês!
Assim que entramos no quarto do hotel, sabe aquelas surpresas que dá pra rir ou chorar? Escolhemos rir!  Era bonitinho, limpinho, organizado... mas tão pequeno que quase não cabia aquela mala, parecia que nem dava pra abri-la... então, pra esse evento, era melhor usar o corredor, rsrs, que cena! E os risos eram soltos.
Uma cama de casal normal, quase pequena pra nós duas, mas ninguém queria subir no beliche pra dormir na de solteiro que ficava em cima, então a gente nem se mexia pra não triscar na outra... muitas conversas, até os olhos pesados não conseguirem...
Quando amanhecia, “pernas pra que te quero”!
Um passeio repleto de ambiguidades, três dias de provocação à liberdade; com certeza o ocaso não impede a perfeição...
Desde o café da manhã, que um dia, pela pressa, acabamos indo tomar em um bar: um pingado num copo americano e um pão francês... mas no outro escolhemos uma cafeteria chiquérrima, infinitas opções, quase impossível escolher, os olhos se enchiam, pareciam já saborear aqueles pães, biscoitos, bolos, croissants, tortas, cereais, geleias, chocolates, achocolatados, bebidas quentes e frias... de tudo, pra todo gosto!
Nas compras queríamos estar em todos os lugares, tanto nas calçadas populares, como nas lojas de grife com um atendimento refinado e esnobe! 
Sem falar na chuva que fazia a gente correr... tudo era diversão!
Os restaurantes, era tipo: ”Vamos arriscar entrar aqui mesmo”? Mas também naquele com vista maravilhosa, cardápio requintado, música envolvente, um bom vinho... daí vem aquela conta dolorosa, só rindo novamente.
Nossa alegria sempre fazia o motorista de táxi querer participar das conversas: marido, filhos, trabalho... até conselhos nos pediram! Rsrs. Um deles chorou de tanto rir enquanto falávamos das nossas coisas, disse que tinha acabado de ganhar o dia.
O programa derradeiro foi encontrar irmãos e amigos em um show espetacular de música e poesia... harmonia entre corpo, alma e espírito! Um passeio inebriante, show do trio "Fé Menina", uma delas, Mônica Maranhão Isaac, é minha irmã. As poesias, do consagrado poeta Rubens Jardim e da poetisa Márcia Maranhão De Conti, também irmã. Partes da sua poesia, A Casa, contidas no livro Luar dos porões (Piano mudo): “Meu amado é uma casa florida, que me guarda do mundo com paredes sólidas. É casa de frutíferas carregadas, onde durmo nas frutas e nas sombras me regozijo. Meu amado é uma casa de móveis simples no pedestal da montanha, que no inverno me acende a lareira e no verão me faz nua no quintal”.
Te convido a buscar voos livres, não só de agendas, mas de quaisquer outras exigências. Reinvente suas viagens, elas podem, independente do lugar, serem palcos de acontecimentos simples, mas fascinantes, que revigoram e te enchem de prazer.

Paz!

Imagem retirada de: www.sitedebelezaemoda.com.br