Um dia desses, enquanto varria a varanda, preparando a casa pra receber uns amigos, percebi que nosso caseiro se aproximava para abrigar-se da chuva; vinha meio avexado, mas já não tem medidas de pressa; nos absorvemos em "dois dedos de prosa".
Uma figura inusitada! Mineiro,
setenta e oito anos, pele clara, o azul do céu nos olhos; espirituoso, cheio de
gratidão. Histórias nunca lhe faltam! Simplicidade incomum, experiente, sábio; apesar de ter sido privado da leitura, suas vivências lhe trouxeram uma
especial bagagem.
Preocupada
com sua saúde, pois recentemente havia trazido queixas, lhe
perguntei:
_ Como o Sr. está?
_ Tô bão demais! Só peço
mesmo pra Deus que me dê saúde, porque dinheiro, descobri que esse trem é uma
busca que num tem fim! O pobre se tiver $20,00 quer $200,00;" quem tem $2.000
quer ter $20.000, então deixa do jeito que tá mês, eu só quero é viver mais!
Emocionado me contou como, enquanto criança, Deus cuidadosamente proveu o alimento à sua família.
Emocionado me contou como, enquanto criança, Deus cuidadosamente proveu o alimento à sua família.
E nesse rumo, quero pensar com vocês o quanto estamos equivocadas quando nossos desejos e investimentos giram
apenas em torno desse "possuir".
Inegavelmente o dinheiro é útil, mas é preocupante como temos lidado com ele. "Por causa
dele muitos já mataram e morreram, guerras foram deflagradas, famílias destroçadas.
Noites de sono perdidas, casais separados, amigos traídos; e houve até os que
decidiram pôr fim à própria vida quando se viram sem ele." Gláucia Leal.
Mark Buchanan, jornalista
científico, afirma: "Algumas pessoas parecem compelidas a acumulá-lo,
enquanto outras, não conseguem deixar de estourar seus cartões de crédito e
acham impossível guardá-lo para dias difíceis.”.
Esse encontro repentino e
ligeiro, me provocou uma inquietação ligada à jurisdição que rendemos à moeda, além de exercer influência sobre nossas buscas, reflete na autoimagem e nos
vínculos que estabelecemos, consegue nos aproximar ou nos afastar. Tem o poder de coisificar pessoas, como se tudo e todos tivessem um preço; trás tramas fraudulentas, empobrecidas e cheia de aflições; comumente a ambição é "um saco sem fundo".
Enfim, considero
imprescindível levarmos a sério essas outras faces da moeda; que esta não comprometa nossa identidade, caráter e relacionamentos; e que além de sabermos administrar nossas necessidades e desejos, sejamos também desapegados, cheios de compaixão no serviço do necessitado.
"Felizes são aqueles que ajudam
aos pobres, pois o Senhor Deus os ajudará quando estiverem em dificuldades! O Senhor
os protegerá, guardará a vida deles e lhes dará felicidade... Quando estiverem
doentes, de cama, o Senhor os ajudará e lhes dará saúde novamente." Salmo
41:1 a 3
Paz!