Homenagem


3.12.17


                 
 Dezembro/ 2017

Juntando fotos e lembranças dessa filha tão amada, Luísa Maranhão.

Face rosada, sorriso largo, olhos coloridos, fáceis de serem lidos. O riso e o choro sempre à flor da pele.

Quem te viu criança, sua pressa e esperteza, já imaginava sua trajetória e voos.

Intensa. Destemida. Ousada. Os obstáculos nunca foram embaraços, serviram de vara pra transpor seus saltos em altura.

Como filha, irmã, amiga, aluna, professora, escolheu oferecer o melhor. 

Quando me reporto aos seus papéis como filha e irmã, me emociono, age como guardiã, tamanho amor, zelo e cumplicidade. 

Enquanto amiga, seu coração é gigante, cabe quantos surgirem. Sensível e leal, eles bem sabem que têm seu ombro, ouvidos e palavras.

Como aluna foi notável em todas as fases; seus professores sempre nos acharam pra nos contar seu espetacular desempenho; alguns até vieram na nossa casa, queriam nos conhecer; têm também os que se tornaram nossos amigos. Mesmo agora se despedindo da faculdade, ouvi de alguns mestres da sua seriedade e competência; "parabéns Luísa, você foi brilhante", palavras da sua professora.

Filha, sua história nos dá prazer e nos faz sentir "os melhores". 

Parabéns por mais essa esplêndida conquista.

Seu pai e eu te abençoamos todos os dias, para que sua fé e força venham do alto, e que você siga feliz e próspera.

 

Paz!

          
          
           

          


        

de cama... de joelhos... de pé.


14.6.17

       
          
        Dia 01/05/2017, três semanas após minha cirurgia emergencial, com o intestino perfurado, minha filha capotou o carro.
        
        Era quase meia noite quando o celular do meu marido tocou... a essa hora só podia ser notícia ruim! Ela tinha saído só pra Goiânia umas 22:30. Temos o combinado de quando chegar anunciar, como o aviso ainda não tinha vindo, estaria na estrada. Realmente era a notícia do capotamento. Fiquei tão nervosa que minhas pernas batiam incontidas; não sabia como ela estava; com a saúde debilitada, achei que não teria forças.

          Eu, antes de cama, agora de joelhos, clamando pra que Deus tivesse misericórdia de nós... uma madrugada de gemidos.

          Luísa compartilhou sua experiência: "... em um trecho escuro da BR 153, vi um recapado de pneu bem grande; tava muito perto. Fui desviar, perdi o controle do carro e capotei 8 vezes. Zero de álcool, zero de sono, sem celular, velocidade normal... realmente um acidente. Aconteceu...

          A primeira pergunta que fazem é se eu me lembro das coisas, se perdi a consciência... eu lembro de tudo! Até o cheiro do carro raspando no asfalto não sai de mim. Tá tudo aqui...

          Quando o carro parou de capotar, eu tava de cabeça pra baixo, presa pelo cinto e veio aquele segundo de "eu tô viva?" Falaram com meus irmãos, avisaram meus pais, veio o socorro, me levaram pro HUGO, mil tomografias...

          Lembro da socorrista me falar: "É, não é por nada não, mas seu Deus te ama muito", e da técnica que fazia curativo na minha mão dizer: "Sua mãe deve orar muito por você". 3 pessoas aleatórias fizeram o mesmo comentário: "Seu Deus te ama muito. Ele tem um propósito na sua vida",

          E essa é a maior verdade de todas. Nossa vida aqui é um fio. Um suspiro. Eu vi a minha escorrendo em segundos, não sabia se iria apagar na próxima pancada ou o que iria acontecer. Deus teve misericórdia da minha casa e me deu um novo fôlego de vida.

          Ainda choro, tenho dores, hematomas pelo corpo todo, cicatrizes e limitações, mas mais importante que tudo isso, tenho um sorriso no rosto, um coração grato, uma família amada e amigos que realmente fazem diferença.

          Não sei se algum dia vou conseguir entender a real dimensão do meu livramento, ou se vou conseguir passar pelo local sem prender a respiração. Não sei. Mas o que eu não quero nunca, nunca, é esquecer do milagre que aconteceu naquela noite. Deus me colocou no colo e cuidou de mim como a menina dos olhos d'Ele. E no fim das contas, é só isso que vale a pena. O resto é pó..."

          Ela ficou sendo avaliada no HUGO da meia noite às 7 horas; os irmãos lá, um acompanhando tudo de perto, o outro com o tio João aguardando na recepção. Às 8:00 da manhã um dos irmãos a trouxe pra casa. A dor que sentia era tão forte que não conseguia se mexer na cama, nem abrir a boca; eu precisava movê-la, alimentá-la, dar banho, então aprumei o corpinho, e de pé, cheia de alegria, fui "curá-la", era minha vez. Não tivemos ensaios pra essas provas, mas é certo que a força de cada dia virá!

          Ficamos na minha cama. Eu cuidava dela e meu marido de nós 2. 
          As visitas eram em dobro.

          30 dias após o acidente ela escreveu: "... refaço o mesmo percurso, sozinha, com os olhos cheios de lágrimas. Há 30 dias meu choro era de dor, medo e desespero. Hoje choro de alegria, gratidão. Deus foi e tem sido generoso com minha casa, e a mim só cabe agradecer, agradecer e agradecer mais uma vez".

          "... então entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres". Salmos 126: 2 e 3


          Paz!           

Luz nas minhas trevas


28.5.17


      

         "O Senhor, meu Deus, derrama luz nas minhas trevas." Salmo 18:28  

          Ele é mestre em dissipar sombras; e pra isso, por vezes, usa a igreja que é seu corpo. Somos suas mãos, pés, boca. 
          Tenho sido impactada com quantos têm me feito bem, me sinto embalada por ações, palavras; minha casa ficou repleta do sabor e aroma de outras. Tia, primas, amigas, irmãos, supunham minhas vontades e faziam com que chegassem à minha mesa o amor aos pedaços: bolos, tortas, curau, coalhada, croissants, sopas; alguém ate propôs: Vamos fazer um rodízio de sopa, pra que esteja fresquinha todos os dias?

          Quatro domingos, seguidos, recebemos um almoço magnífico da tia Geny e coadjuvantes!

          Esse movimento de prontidão aos meus desejos já começou no hospital. Uma prima me vendo vomitar, sem querer nada, me propôs um mingau, aceitei o de maisena, então correu pra casa pra fazer, mas lá se lembrou que nunca havia feito esse, não tinha nem noção; ela trouxe, estava maravilhoso, devorei, me refez! Comentei que estava perfeito; então contou: "Preparei de joelhos"! Pedi a Deus pra me ensinar, que você conseguisse comer e que te fizesse bem. Que delícia esse amor!

          Durante a internação ocorreram alguns episódios inusitados: Um confessou ter decorado um discurso encorajador, mas conseguiu esquecer tudo; outro  chegou aborrecido porque rodou a cidade em busca de flores, mas como era domingo não encontrou; outra comprou flores, mas não conseguiu passar com elas pela portaria, fiquei com a foto das flores e um almoço delicioso que ela trouxe. Teve uma que presenciou meu abatimento no segundo dia de cirurgia, mas no terceiro dia quando entrou no quarto  e viu minha expressão de alegria, encostou-se na parede e começou a chorar; em seguida pediu desculpas pelo choro e me explicou, contou que passou a noite aos pés de Jesus, aflita, clamando por minha vida: “meu choro agora é de regozijo e gratidão. “Aleluia, Deus me ouviu”! Logo foi embora me preparar uma canja. Essa amiga, Cristina Nassif, me é um presente; quase todos os dias estava na minha porta com as mãos e o coração cheios de ternura e delícias; café da manhã com pão de queijo quente e broa com erva doce.  
         

E no meio de tanta conturbação e peleja com a bolsa colostômica, a enfermeira Marcela Silvestre sempre vinha, não importa se às 7:30h, ou às 22:30 h, ou mesmo nos dois horários, bastava precisar. Tocava-me com complacência, suavidade e destreza.

A tristeza não resiste a tanto desvelo. Feitos que ficarão na memória.

          As palavras que recebo me comovem. Eu, tão pequena, me sinto gigante nesses olhares; impossível comentar todas elas, mas trago aqui uma conversa. Minhas irmãs e eu temos um grupo no whatsapp, ali exponho alegrias, incertezas, dores (por vezes até embrionárias). Iniciei falando que estava chorando, Márcia então se manifestou: "Tu és gente também, pode ficar triste e chorar. Isso é previsto. Depois do choro, alivia. E lembra que logo esses dias serão passado. Passado que serve para gratidão, fé e dependência crescente de Deus. De alimento para a certeza da nossa impotência e da fidelidade de Deus. Pode chorar”.

          Encerro afirmando o quanto a oração desse povo me trouxe crescimento e fé, acreditei que seríamos ouvidos: "Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor... clamam os justos, e o Senhor os escuta e os livra de todas as suas tribulações". Salmo 34: 15 e 17

          Paz!

            Imagem retirada de: FOTOing-Tumbir


Acredito no amor


21.5.17


Ainda na travessia que trouxe semana passada.

No hospital orava a palavra, segura de que por sua benevolência seria ouvida: Isaías 30:15 "Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força." 

Mesmo com um convite quase diário à dor, fui envolvida em amor por muitas pessoas, e de uma forma bem especial pelo meu marido e filhos. Nos dias de internação então, foram incansáveis, me cercaram de muito carinho, entendi como uma forma de me aliviar, proteger.

          Aconteceu um episódio fatídico no hospital: Os três passaram a noite toda sentados: um em uma poltrona, e os outros dois na cama do acompanhante; tive uma descompensação urinária das 22 h até às 5 h da manhã, fiquei fazendo xixi de 10 em 10 minutos; o filho que estava na poltrona passou a noite colocando a comadre em mim, o zelo era tanto que até tentava aquecê-la; o outro filho, prudentemente, resolveu avaliar a quantidade de urina; foram 4 litros nessa madrugada.

Entre eles havia um movimento fraterno de lealdade e cumplicidade, se for pra se exaurir, que sejam os três, ficaremos ruim juntos! Amanhecemos bem cansados. Ao mesmo tempo a prontidão deles me descansa.

Minha filha, minha flor, mesmo perdendo aula, permaneceu comigo 10 dias, bem junto, disse que não entregaria meus cuidados a ninguém; ela, como sempre, dedicada e diligente, foi entender, esmiuçar, o uso da bolsa colostômica, uma peleja pra diminuir os erros e desconfortos. 

Meu marido vem me acalmando, e com ternura aplacando a minha dor; mesmo falando tão pouco, tem-me ensinado na paciência, alegria e gratidão.

Em fé vamos nos refazendo.

Sinto-me amparada, acredito ainda mais no amor; é fato que nosso se revigorou em meio a dor; cônscios de que: "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." 1 Coríntios 13:7

Paz!







Como se não houvesse amanhã...


16.5.17


Dia 06/04/17 fui submetida a uma cirurgia emergencial em função de uma diverticulite aguda, com perfuração intestinal e pus na cavidade; foi retirado parte do meu intestino e coloquei uma bolsa de colostomia; por pouco não houve grande complicação.

Aguardo o tempo da cirurgia de reversão do meu intestino.

Meus filhos, três, moram em outra cidade, dois vieram rapidamente; o outro precisou vir pouco depois; esse, no outro dia da cirurgia, comovido, me contou do receio de me perder, que já sentia saudades.

Dias de sombras.

Quem sabe qual será sua última manhã?

Alguém me perguntou se tive medo de morrer, respondi: Parece que esá tudo certo: Com Deus, mesmo conhecendo o melhor e o pior de mim, resolveu me amar, ponto final. Meu marido, meu grande amor,, nunca disfarcei o brilho que tenho nos olhos quando o vejo. Meus filhos sabem quanto me fazem feliz, plena; meus melhores dias são com eles. Minha família são presentes, cuidadores, sensíveis; os amigos, a maioria, apesar das minhas falhas, escolhem me acolher.

Penso que por onde passei dei o melhor de mim.

Amei muito, ri demais, dei colo, segurei a mão, abracei sem medida, nunca  escondi meus prazeres; também briguei, fui dura, chorei, me curvei, voltei atrás, consolei, acreditei...

Vivo relances de fraqueza e força; um tempo de escalada íngreme. E sem argumentações, vieram lições, muitas, dentre elas: “É preciso amar como se não houvesse amanhã”.

Paz!


Imagem retirada de: walpapers download