Dia 01/05/2017, três semanas após
minha cirurgia emergencial, com o intestino perfurado, minha filha capotou o carro.
Era quase meia noite quando
o celular do meu marido tocou... a essa hora só podia ser notícia ruim! Ela
tinha saído só pra Goiânia umas 22:30. Temos o combinado de quando
chegar anunciar, como o aviso ainda não tinha
vindo, estaria na estrada. Realmente era a notícia do capotamento. Fiquei tão nervosa que minhas
pernas batiam incontidas; não sabia como ela estava; com a saúde debilitada, achei que não teria
forças.
Eu, antes de cama, agora
de joelhos, clamando pra que Deus tivesse misericórdia de nós... uma madrugada de gemidos.
Luísa compartilhou sua
experiência: "... em um trecho escuro da BR 153, vi um recapado de pneu
bem grande; tava muito perto. Fui desviar, perdi o controle do carro e capotei
8 vezes. Zero de álcool, zero de sono, sem celular, velocidade normal...
realmente um acidente. Aconteceu...
A primeira pergunta que
fazem é se eu me lembro das coisas, se perdi a consciência... eu lembro de
tudo! Até o cheiro do carro raspando no asfalto não sai de mim. Tá tudo aqui...
Quando o carro parou de
capotar, eu tava de cabeça pra baixo, presa pelo cinto e veio aquele segundo de
"eu tô viva?" Falaram com meus irmãos, avisaram meus pais, veio o
socorro, me levaram pro HUGO, mil tomografias...
Lembro da socorrista me
falar: "É, não é por nada não, mas seu Deus te ama muito", e da
técnica que fazia curativo na minha mão dizer: "Sua mãe deve orar muito
por você". 3 pessoas aleatórias fizeram o mesmo comentário: "Seu Deus
te ama muito. Ele tem um propósito na sua vida",
E essa é a maior verdade
de todas. Nossa vida aqui é um fio. Um suspiro. Eu vi a minha escorrendo em
segundos, não sabia se iria apagar na próxima pancada ou o que iria acontecer.
Deus teve misericórdia da minha casa e me deu um novo fôlego de vida.
Ainda choro, tenho dores,
hematomas pelo corpo todo, cicatrizes e limitações, mas mais importante que
tudo isso, tenho um sorriso no rosto, um coração grato, uma família amada e
amigos que realmente fazem diferença.
Não sei se algum dia vou
conseguir entender a real dimensão do meu livramento, ou se vou conseguir
passar pelo local sem prender a respiração. Não sei. Mas o que eu não quero
nunca, nunca, é esquecer do milagre que aconteceu naquela noite. Deus me
colocou no colo e cuidou de mim como a menina dos olhos d'Ele. E no fim das
contas, é só isso que vale a pena. O resto é pó..."
Ela ficou sendo avaliada no HUGO da
meia noite às 7 horas; os irmãos lá, um acompanhando tudo de perto, o outro com o tio João aguardando na recepção. Às 8:00 da manhã um dos irmãos a trouxe pra casa. A dor
que sentia era tão forte que não conseguia se mexer na cama, nem abrir a
boca; eu precisava movê-la, alimentá-la,
dar banho, então aprumei o corpinho, e de pé, cheia de alegria, fui "curá-la", era minha vez. Não tivemos ensaios pra essas
provas, mas é certo que a força de cada dia virá!
Ficamos na minha cama. Eu
cuidava dela e meu marido de nós 2.
As visitas eram em dobro.
30 dias após o acidente
ela escreveu: "... refaço o mesmo percurso, sozinha, com os olhos cheios
de lágrimas. Há 30 dias meu choro era de dor, medo e desespero. Hoje choro de
alegria, gratidão. Deus foi e tem sido generoso com minha casa, e a mim só cabe
agradecer, agradecer e agradecer mais uma vez".
"... então entre as
nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. Com efeito,
grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres". Salmos
126: 2 e 3
Paz!