de cama... de joelhos... de pé.


14.6.17

       
          
        Dia 01/05/2017, três semanas após minha cirurgia emergencial, com o intestino perfurado, minha filha capotou o carro.
        
        Era quase meia noite quando o celular do meu marido tocou... a essa hora só podia ser notícia ruim! Ela tinha saído só pra Goiânia umas 22:30. Temos o combinado de quando chegar anunciar, como o aviso ainda não tinha vindo, estaria na estrada. Realmente era a notícia do capotamento. Fiquei tão nervosa que minhas pernas batiam incontidas; não sabia como ela estava; com a saúde debilitada, achei que não teria forças.

          Eu, antes de cama, agora de joelhos, clamando pra que Deus tivesse misericórdia de nós... uma madrugada de gemidos.

          Luísa compartilhou sua experiência: "... em um trecho escuro da BR 153, vi um recapado de pneu bem grande; tava muito perto. Fui desviar, perdi o controle do carro e capotei 8 vezes. Zero de álcool, zero de sono, sem celular, velocidade normal... realmente um acidente. Aconteceu...

          A primeira pergunta que fazem é se eu me lembro das coisas, se perdi a consciência... eu lembro de tudo! Até o cheiro do carro raspando no asfalto não sai de mim. Tá tudo aqui...

          Quando o carro parou de capotar, eu tava de cabeça pra baixo, presa pelo cinto e veio aquele segundo de "eu tô viva?" Falaram com meus irmãos, avisaram meus pais, veio o socorro, me levaram pro HUGO, mil tomografias...

          Lembro da socorrista me falar: "É, não é por nada não, mas seu Deus te ama muito", e da técnica que fazia curativo na minha mão dizer: "Sua mãe deve orar muito por você". 3 pessoas aleatórias fizeram o mesmo comentário: "Seu Deus te ama muito. Ele tem um propósito na sua vida",

          E essa é a maior verdade de todas. Nossa vida aqui é um fio. Um suspiro. Eu vi a minha escorrendo em segundos, não sabia se iria apagar na próxima pancada ou o que iria acontecer. Deus teve misericórdia da minha casa e me deu um novo fôlego de vida.

          Ainda choro, tenho dores, hematomas pelo corpo todo, cicatrizes e limitações, mas mais importante que tudo isso, tenho um sorriso no rosto, um coração grato, uma família amada e amigos que realmente fazem diferença.

          Não sei se algum dia vou conseguir entender a real dimensão do meu livramento, ou se vou conseguir passar pelo local sem prender a respiração. Não sei. Mas o que eu não quero nunca, nunca, é esquecer do milagre que aconteceu naquela noite. Deus me colocou no colo e cuidou de mim como a menina dos olhos d'Ele. E no fim das contas, é só isso que vale a pena. O resto é pó..."

          Ela ficou sendo avaliada no HUGO da meia noite às 7 horas; os irmãos lá, um acompanhando tudo de perto, o outro com o tio João aguardando na recepção. Às 8:00 da manhã um dos irmãos a trouxe pra casa. A dor que sentia era tão forte que não conseguia se mexer na cama, nem abrir a boca; eu precisava movê-la, alimentá-la, dar banho, então aprumei o corpinho, e de pé, cheia de alegria, fui "curá-la", era minha vez. Não tivemos ensaios pra essas provas, mas é certo que a força de cada dia virá!

          Ficamos na minha cama. Eu cuidava dela e meu marido de nós 2. 
          As visitas eram em dobro.

          30 dias após o acidente ela escreveu: "... refaço o mesmo percurso, sozinha, com os olhos cheios de lágrimas. Há 30 dias meu choro era de dor, medo e desespero. Hoje choro de alegria, gratidão. Deus foi e tem sido generoso com minha casa, e a mim só cabe agradecer, agradecer e agradecer mais uma vez".

          "... então entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres". Salmos 126: 2 e 3


          Paz!