Nos desabafos tenho encontrado pessoas esfaceladas, nocauteadas pela vida. Ouço arrependimentos dos que não
conseguiram reconhecer e viver seus papéis, quer seja como parceiro, como pai/ mãe, filho,
profissional, irmão, amigo.
Investiram em um romance, esqueceram a
carreira; focados na profissão, descuidaram dos afetos; priorizaram os filhos,
abandonaram o cônjuge.
Desavisados, despreparados, negligenciaram suas valiosas e
intransferíveis funções; desatenderam por vezes suas famílias, que é o lugar de maior
desafio e zelo.
Imaginavam que não precisariam de mais nada, mas hoje
percebem seus terrenos áridos, com rachaduras profundas. Agora, penitentes, aflitos, desejam recuar.
Comportaram-se como quem, já no início de um jogo, entrega todas as cartas; ou como um maestro que fracassou em sua exibição, pois não só se descuidou do tema, mas fixou-se em alguns instrumentos esquecendo-se dos demais.
Menciono
aqui o livro: ”Os cinco principais arrependimentos daqueles que estão para
morrer”, da enfermeira Bronnie Ware, especialista em pacientes terminais:
1- Gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, não a que
os outros esperavam.
Com a progressão da doença surge a necessidade de
rever os caminhos percorridos; é comum a descoberta de que, em busca de amor e
aceitação, as escolhas foram focadas nos outros, não em si.
2- Gostaria de não ter trabalhado tanto.
Essa sensação não acontece só com os doentes, é um
dilema da vida moderna; se agrava quando a pessoa não gosta do que faz, ganha
dinheiro mas é infeliz.
3- Gostaria de ter tido coragem de expressar meus
sentimentos.
Quanto mais próximos da morte as máscaras do medo e
constrangimento tendem a cair. Tornam-se mais verdadeiros, dizem o quanto amam,
pedem desculpas, procuram afetos.
4- Gostaria de ter mantido contato com meus amigos.
Nem sempre se tem histórias felizes com a família,
mas com os amigos sim, são "a família escolhida"; passaram pelas
mais diversas situações, geralmente carregadas de lealdade e cumplicidade; querem, nesse momento, de alguma forma, resgatar essa proximidade.
5- Gostaria de ter me deixado ser mais feliz.
Se de alguma forma você se identificou com esses relatos, examine onde você se perdeu; perdoe-se, peça perdão. Valorize e verbalize a importância do outro. Recomece.
Paz!
Imagem retirada de: soniaishibashi.blogspot.com