fábrica de liberdade


12.10.19


           
       
    Nesse espaço, atemporal, infinito, construímos, com palavras, a liberdade.
    
    O encontro se inicia já na chegada, sutilmente, com a primeira troca de olhar.

    As palavras entram e saem estreantes, pela unicidade do instante.

    Por vezes desabam, desembocam como avalanches, necessitam sair, ir embora.
                  
    As sentenças surgem em busca de remissão, um apaziguar consigo e com o outro.

    O silêncio ronda, faz-se necessário, como a pausa, o ponto.

    Há uma entrega, um despir-se. 

    Esmiuçamos os guardados, as sombras.

    Tocamos as dores, segredos, incertezas, culpas, frustrações.

    Deciframos medos, raivas, decepções, e por vezes, o luto de quem ainda vive. 

    Reverencio, acolho, tanto os vocábulos como as  expressões. 

    Os minutos são preciosos. 

    Avançamos onde conseguimos alcançar. 

    Todo esse movimento exige valentia, mas, seguramente, as sentenças serão transformadas. 

    Os feixes de luz, inicialmente oscilantes, permanecerão; a obscuridade dará lugar à luminosidade; com ela o perdão, a alegria e a esperança. 

    Contemplo há 34 anos o renascimento dessas vozes catárticas, daqueles que ousaram, com afinco, apesar da dor desse combate, se lançar em um processo terapêutico. 

    Gratidão, regozijo.


Marise Mendes Maranhão Silva, psicóloga desde 1985, formada pela Universidade Católica de Goiás, especialista em Psicodrama Triádico pela Sobrap (Sociedade Brasileira de Psicoterapia, Dinâmica de Grupo e Psicodrama). 




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