Ressentimento


26.1.14



           Participei, rodeada por amigos de longa data, de uma noite musical inesquecível. Músicos de mãos cheias, daqueles que tocam por paixão. Dentre eles estava um que considero nota 1000, Aristeu Pires Junior. Cantamos várias de suas composições; são carregadas de uma riqueza quase indescritível, parecem ter vida própria, algumas são poesias cantadas, outras contam histórias que facilmente nos transportam. Temas e acordes inspirados, enchem nosso peito, ressoam, provocam a busca do que é eterno.

Foi um chamamento não só à celebração, mas ao quebrantamento e à rendição.

Aristeu, anunciando uma de suas canções, falou sobre o “ressentimento”, emocionou-se, parecia empenhado em que tivéssemos um olhar novo para as memórias.

Quero dar cordas a esse apelo, considerar urgente, imprescindível, revermos e transformarmos nossos ressentimentos.

Ressentir significa re-sentir, tornar a sentir, sentir novamente, várias vezes...
           
Comentou que re-sentimos com facilidade, mágoas, decepções, infortúnios. E essas nossas dores podem ter variadas origens :
- Situações vividas na família de origem: abandono, rejeição, violência, insultos, palavras que envergonham e / ou diminuem.
- Vinculadas à família nuclear: desafetos, indiferença, amargura por coisas ditas na hora e do jeito errado, silencio inoportuno, atitudes de desprezo, reprovação.
            - Vivências profissionais: humilhações, ameaças, descrédito.

É tempo de atravessarmos essas cavernas frias, escuras, e chegarmos ao outro lado “re-sentindo” unicamente o que liberta, traz luz e leveza.

Penso que o tratamento para essas repetidas lamúrias e lamentações, pode ser um acerto de contas com o passado; buscarmos o vivido que nos causou mal, abrirmos essas feridas, recalques, e resolvermos... "Lembrar para esquecer ".

Aqui me remeto não só ao “recordar, repetir, elaborar” de Freud, em seu escrito sobre a técnica da psicanálise II, 1969, mas também às palavras do profeta Jeremias:" Quero trazer à memória o que me pode dar esperança." Lamentações 3:21 

Acredito na cura se nos aplicarmos a "re-sentirmos" o que levanta, acolhe e nos faz sentir amados e seguros.
  
            Paz!

Imagem retirada de: br.viarural.com

A força da alegria


19.1.14


                                                                                                                                                      

Gosto muito de rir, talvez minha marca seja a alegria. 

Casada há 33 anos. Quando nos conhecemos a primeira pergunta que ele me fez foi se eu era mesmo feliz daquele tanto! Rimos e conversamos... estamos assim até hoje.

Recentemente médicos e psicólogos começaram a investigar, mais intensamente, o efeito terapêutico do senso de humor e da alegria.

Sabe-se que um nível sempre elevado do cortisol, (hormônio do stress), comprovadamente,  enfraquece a defesa imunológica, e que quando as pessoas estão alegres, a concentração desse hormônio se reduz; conclui-se, portanto, que encarar a vida com bom humor, além de nos tornar mais competentes pra enfrentar situações adversas, quer sejam de crises, frustrações, ou perdas, a alegria não só fortalece nossa mente, mas protege nosso corpo contra as doenças.

Nesse caminho de que rir é o melhor remédio, o jornalista americano Cousins, especialista no estudo do humor, em seu livro Anatomia de uma Doença, conta como surpreendentemente conseguiu conter uma inflamação crônica e extremamente dolorosa com as piadas de uma dupla de humorista, relata que dez minutos de riso o agraciavam com aproximadamente duas horas livres de dor, pois sofria de artrite reumatoide e os remédios traziam efeitos colaterais desagradáveis.

É importante lembrarmos que tanto a alegria quanto o mau humor e a tristeza, são contagiantes, portanto, precisamos estar atentos no que estamos semeando nas nossas relações: se facilitamos ou complicamos, se trazemos leveza ou pesar; se tudo nos aflige, desorganiza, ou se conseguimos encontrar saídas que trazem ajustes e equilíbrio.

A sugestão aqui não é negar a dor, mas reconhecer o sofrimento sem se fixar nele.
Claro que sentir tristeza, raiva, indignação é inevitável; o problema é se ficamos nutrindo, remoendo; permitir que esses tais sentimentos tóxicos nos governem.

Enfim, se por alguma razão não temos conseguido vivenciar, e muito menos promover a alegria, aproxime-se do Senhor, e com toda liberdade peça que lhes conceda tal graça, pois está escrito que Ele pode encher nossa boca de risos, e que a alegria do Senhor é a nossa força.

            Paz! 

Sem Ele, nem tente


12.1.14



            Li no para-choque de um caminhão:"Sem Ele, nem tente".Apreendi como um cuidadoso recado!

Uma avalanche de pensamentos me ocorreram... marido, filhos, parentes, amigos, trabalho, compromissos, viagens...

Vislumbrei nosso existir como a uma teia de aranha, não só por suas ramificações, mas especialmente pela debilidade. Efêmeros e frágeis no vigor, sustento e segurança.

Sobre essa efemeridade, Jó afirma que: "O homem, nascido de mulher, vive por breve tempo, cheio de inquietação. Nasce como a flor, e murcha". Jó 14:1 e 2

Na passagem do ano tivemos uma experiência que mexeu muito conosco; nosso filho foi abordado por ladrões; pensou em se opor, mas eles o coagiram a não reagir pois estavam armados. Naquele momento, meu marido e eu, estávamos de joelhos em nossa igreja, clamando a Deus por graça e misericórdia na nossa vida e dos nossos filhos. Os ladrões levaram seus pertences, e ele ileso nos contou como aconteceu, inclusive seu ímpeto, mas momentâneo, desejo em resistir.

Especialmente naquela noite, o favor do Senhor nos alcançou.

Precisamos considerar o que o grande sábio Salomão nos adverte no Salmo 127: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeaste; aos seus amados ele o dá enquanto dormem."

Termino com o magnífico convite do próprio Jesus:
"Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas. Portanto não vos inquieteis com o dia de amanhã." Mat 6:33 e 34.

Ouça e responda com alegria e fé esse chamamento.

Paz!

Imagem retirada de: www.downloadswallpapers.com

Sirva-se do Novo


5.1.14




Nestes dias o que se ouve é: Feliz Ano Novo.

Fico imaginando como seria isso, um Ano Novo feliz...

É fato que pra que coisas novas e boas nos aconteçam, precisamos correr atrás; ou tencionamos ser bem quistos e bem sucedidos permanecendo na mesma? Tipo: "Que a felicidade me alcance". 

Mas o que me preocupa mesmo nem é essa inércia, mas sim aquele que não quer servir-se do novo, que tem apego excessivo às coisas velhas, e que resiste em abraçar mudanças.

Pego emprestado partes da crônica de Artur da Távola sobre o Ano Novo: “Somos como o ano velho. Como um montão de anos velhos, acumulados. Vivemos a repetir o que já sabemos, o que já experimentamos. Repetimos, também, sentimentos, opiniões, ideias, convicções. Somos uma interminável repetição, com raras aberturas reais e verdadeiras para o novo, do qual cada instante está prenhe.

Somos muito mais memória do que aventura. Somos muito mais eco do que descoberta. Somos muito mais resíduo do que suspensão.

O ser humano é feito de tal maneira inseguro que a sua tendência é sempre a de reter as experiências e fazer da vida uma penosa e longa repetição do já vivido. O ser humano adora repetir. Ele precisa repetir, porque não está preparado para o novo de cada momento, para o fluir do Todo na direção da Transformação Permanente. Ele é uma unidade estática e acumuladora, num cosmos mutante e em permanente transformação...

A rigor não sabemos o que estamos fazendo para renovar o que há de antigo em nós. Em geral, nada. Não me refiro ao que há de permanente, pois o ser humano é feito de permanências e provisoriedades. As permanências, ligadas às essências, devem ficar. Mas as provisoriedades que se tornaram antigas, paradas, repetitivas, que ali estão remanescentes por nossa preguiça de examina-las, ou por incapacidade, medo, de remove-las, precisam ser revistas, checadas, postas em discussão, debate e arejamento".

Que nesse Novo Ano continuemos com a liberdade de preservarmos e brindarmos nossa essência; mas tenhamos também a ousadia da criação e o fascínio por caminhos que, mesmo desconhecidos, prometem.

 

Paz!

 

Imagem retirada de: ventosevendavais.blogspot.com.br