fábrica de liberdade


12.10.19


           
       
    Nesse espaço, atemporal, infinito, construímos, com palavras, a liberdade.
    
    O encontro se inicia já na chegada, sutilmente, com a primeira troca de olhar.

    As palavras entram e saem estreantes, pela unicidade do instante.

    Por vezes desabam, desembocam como avalanches, necessitam sair, ir embora.
                  
    As sentenças surgem em busca de remissão, um apaziguar consigo e com o outro.

    O silêncio ronda, faz-se necessário, como a pausa, o ponto.

    Há uma entrega, um despir-se. 

    Esmiuçamos os guardados, as sombras.

    Tocamos as dores, segredos, incertezas, culpas, frustrações.

    Deciframos medos, raivas, decepções, e por vezes, o luto de quem ainda vive. 

    Reverencio, acolho, tanto os vocábulos como as  expressões. 

    Os minutos são preciosos. 

    Avançamos onde conseguimos alcançar. 

    Todo esse movimento exige valentia, mas, seguramente, as sentenças serão transformadas. 

    Os feixes de luz, inicialmente oscilantes, permanecerão; a obscuridade dará lugar à luminosidade; com ela o perdão, a alegria e a esperança. 

    Contemplo há 34 anos o renascimento dessas vozes catárticas, daqueles que ousaram, com afinco, apesar da dor desse combate, se lançar em um processo terapêutico. 

    Gratidão, regozijo.


Marise Mendes Maranhão Silva, psicóloga desde 1985, formada pela Universidade Católica de Goiás, especialista em Psicodrama Triádico pela Sobrap (Sociedade Brasileira de Psicoterapia, Dinâmica de Grupo e Psicodrama). 




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Viva o amor


5.8.19




Agosto 2019, Levi e Ana Clara foram ao Juiz de paz e disseram sim.

E viva o amor.

No chá de panela comentei a perplexidade do profeta e poeta Agur trazida no livro de Provérbios 30:18 e 19: “Há 3 coisas que são maravilhosas demais pra mim, sim, há 4 que não entendo: O caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho de um homem com uma donzela”.

Esses espetáculos ocorrem no céu, na montanha, no mar e na terra.

As 3 primeiras menções são solitárias: A águia no céu, exuberante e determinada; a cobra no penhasco, mesmo sem mãos ou pés, não cai, tão pouco deixa rastros; o navio que é guiado pelo timoneiro mirando o céu; já o caminho do homem com uma donzela é surpreendente e intrigante; como são dois, precisa haver, respeito, cumplicidade, renúncia.

Somos complicados, por vezes cheios de complexos; em alguns momentos carregados de afetos, em outros, desafetos; temos estranhezas,  às vezes confusos, não conseguimos entender nem a gente mesmo, quanto mais ao outro.

Abstraio-me na contemplação de Agur e concordo que esse caminhar, além de enigmático, é genuinamente desafiador.

Julgo que alguns pontos são essenciais e facilitadores nessa construção: 

1-Ver o outro como um grande tesouro, uma preciosidade que precisa ser valorizada, cuidada, respeitada.

2- Conseguir entrar em acordos; ouvir, abrir mão da minha vontade, entender que existe outra verdade além da minha.

3- Os sonhos se fundirem; terem o mesmo propósito, mesma visão de mundo.

Acredito ainda que a resolução pra esse amor pleno está nos momentos diários de intimidade com Jesus; Ele traz direção, e é perfeito no amor.

Oxalá o “encontro” desse casal seja cheio de vida, alegria e grande paz. 

Que Ele mesmo os abençoe e os guarde.

 

Paz!


Aos noivos


3.3.19



Março 2019, Levi e Ana Clara ficaram noivos.

Um novo horizonte se ergue. E nós abrimos as portas pra esse caminho tenro, queremos também semear este sonho.

Como lembrança, pra falar do amor, trago uma lamparina. A luz, além de revelar quem eu sou, me faz enxergar o outro, daí então surgem fragilidades e imperfeições.

E perante a luz, nos encontros diários, proponho tarefas:

- Que os diálogos sejam permanentes.

- Que os gestos sejam de acolhimentos.

- Que as intenções sejam revistas e refeitas em busca do mesmo objetivo: Honrar a escolha e o compromisso.

- Que o ar da convivência seja de alegria, apesar das renúncias e mudanças dolorosas, mas necessárias.

- Que mesmo as conversas mais soltas, descompromissadas, sejam de elevação.

- Que os erros tenham a nobreza do arrependimento, e o perdão seja uma ordem.

- Que haja concentração e determinação nos valores absolutos do grande Pai das luzes, aquele em que reside toda perfeição.

Esse modo de vida, sem sombras, os conduzirá ao Amor Pleno.

          Paz.